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A pé por outras cidades: a Salvador do Se Essa Rua Fosse Minha

Adriana Terra

24/09/2018 10h51

Moqueca na Gamboa de Baixo | Foto: Se Essa Rua Fosse Minha

Foi a partir de um passeio despretensioso em que estenderam o almoço caminhando pela cidade que as colegas de trabalho Ive Deonísio, jornalista baiana, e Luriana Moraes, publicitária goiana que há 11 anos vive em Salvador, decidiram começar o Se Essa Rua Fosse Minha. Canal de Instagram que hoje existe também como um blog dentro do portal iBahia, o projeto propõe roteiros caminháveis pela cidade com um olhar bem sensível.

"Aqui em Salvador tem várias páginas de lugares para ir, mas eu sentia que num dia eles postavam um lugar, no outro dia um lugar ao lado, e sem fazer referência alguma, conectar. E eu pensava: poxa, por que não postou tudo junto?", diz Ive, lembrando a gente da historinha das linhas e dos pontos contada pela artista Vânia Medeiros.

Ive e Luriana na Ladeira do Pepino | Foto: Se Essa Rua Fosse Minha

Combinando experiências pessoais com a história dos lugares e de moradores que vão conhecendo pelo caminho, Ive conta que um aspecto importante nesses roteiros que fazem e indicam é entender os modos de vida de cada região que visitam, contatando quem mora e circula ali para trocar ideias, dar depoimentos.

"Eu sempre gostei muito de estudar a cidade, direito à cidade, cidades caminháveis, mas eu nunca tinha pensado em, de alguma forma, estudar e fazer algo prático em relação a isso", diz ela.

Outro aspecto importante que Ive destaca no projeto é a vontade de desmistificar estereótipos muito calcados em medo e preconceito. "Tem uma geração que se fechou em condomínios e passou a não conhecer a cidade. Mas movimento que traz segurança, pessoa na rua que traz segurança", acredita a jornalista.

Luriana e Ive com o projeto Quabales no Nordeste de Amaralina | Foto: Se Essa Rua Fosse Minha

"Por exemplo, eu sou daqui mas faz só de seis a oito anos que fui conhecer as praias do subúrbio de Salvador, e aí um dia eu falei: caraca, não acredito que tem esse mar aqui! Um mar azul do Caribe, as pessoas não sabem disso, porque elas acham que o lugar é inseguro, etc, e é só um lugar que tem uma população que é pobre", diz ela.

É essa circulação interessada, respeitosa — com um olhar otimista, mas não ingênuo ou mascarando problemas — que Ive e Luriana buscam estimular, e que viram mudar a percepção delas mesmas nesse um ano de projeto. "A Luri sempre fala que antes ela só estava em Salvador, e que hoje ela vive Salvador", conta Ive.

Escritos na Barbearia Cachoeira, no Barbalho | Foto: Se Essa Rua Fosse Minha

Seja para conhecer mais a capital baiana — da barbearia fã de frescobol no Barbalho, da história de resistência do bloco Apaxes do Tororó ou do tour da feijoada no Garcia –, seja para inspirar caminhadas por São Paulo ou qualquer outra cidade, vale acompanhar o canal aqui: instagram.com/seessarua_fosseminha

 

Sobre a autora

Adriana Terra é jornalista e gosta de escrever sobre a cidade e sobre cultura. É co-criadora da série “Pequenos Picos”, mapeamento afetivo de comércios de bairro da capital paulista, e mestranda em Estudos Culturais na EACH-USP, onde pesquisa lugares e modos de vida. Foi criada em Caieiras e há 15 anos vive no centro de São Paulo. Na zona noroeste ou na Bela Vista, sempre que dá, prefere ir caminhando.

Sobre o blog

Dicas de lugares, roteiros, curiosidades sobre bairros, entrevistas com personagens da cidade, um pouquinho de arquitetura e mais experiências em São Paulo do ponto de vista de quem caminha.

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