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Parque da Cantareira: verde, cachoeira e calmaria na cidade

Adriana Terra

07/01/2019 11h21

Com as altas temperaturas de janeiro, quem mora em São Paulo sempre se desespera nessa época. Que falta faz um banho de mar no fim de tarde, ou um rio onde se possa nadar… Para os que buscam alternativas, além das piscinas públicas e do clássico (e delicioso) banho de mangueira no quintal, uma opção não só para se refrescar como também ver um pouco de natureza é o Parque da Cantareira, na zona norte.

Oficializado como parque na década de 1960, trata-se de uma das maiores áreas de mata tropical nativa do mundo dentro de uma região metropolitana. Com 7.900 hectares de Mata Atlântica, o parque tem quatro núcleos (dá para ler mais sobre aqui), englobando áreas dos municípios de Mairiporã, Guarulhos e Caieiras. Recentemente visitei o do Engordador, que reúne cachoeiras, espaço para piqueniques e tem acesso bem fácil partindo da saída do metrô Santana, no terminal de ônibus: basta pegar a linha Cachoeira em uma das plataformas. É curioso que o ônibus tenha esse nome, no melhor estilo "táxi pra estação lunar", mas é porque se trata do nome do bairro, Jardim Cachoeira.

Em pouco mais de trinta minutos de viagem a mudança de paisagem é drástica: saem os prédios, os comércios grandões e o trânsito; entram bairrinhos, quebradas, barzinhos e pequenas lojas caseiras, sítios onde funcionam de clínicas para idosos e comunidades terapêuticas religiosas a clubes da classe média. É um trajeto interessante para pensar o desenho da cidade, seja no que tange aos seus problemas, desigualdades de infraestrutura e moradia, como às suas potencialidades: perceber quão importante é essa região para São Paulo, entender os diversos modos de vida que temos, refletir sobre os nossos rios.

Foto: Rafael Cunha / Folhapress

O ponto do parque é um dos últimos, na Estrada do Engordador. Dali, uma caminhada de 5 a 10 minutos leva ao local, que cobra R$ 15 de entrada (estudantes pagam meia). É bom ir cedo: o parque fecha às 17h e a subida para as trilhas é permitida até as 15h30.

O nome do núcleo se refere aos córregos e riachos da região que faziam cheia ao Rio Engordador. Além de um espaço gostoso para levar crianças, tomar sol, observar plantas e animais — já na estrada para o parque dá para ver esquilos –, o núcleo reúne cachoeiras que fazem dele uma atração bem frequentada no verão. A trilha até elas tem nível médio e duração de 1h30 (em ritmo suave). Em um dia seco, é tranquila, especialmente a que leva até a primeira queda, menor. A segunda é a Véu de Noiva, maior (foto acima).

Vale levar comida, pois não há lanchonete dentro do parque (a simpática vendinha acima fica no bairro vizinho). Para voltar é tão tranquilo quanto para ir: é só esperar um dos ônibus que passa no terminal Santana — muitos vão para lá — na esquina da mesma rua do Engordador (pela qual você subiu) com a via principal. É importante levar repelente e ter tomado a vacina da febre amarela, já que o parque ficou um bom tempo fechado por ser região de risco.

Tel. do Núcleo Engordador: 11 2995-3254 [o parque está abrindo diariamente, das 8h às 17h, até 31 de janeiro; após a data, funciona aos finais de semana e feriados]

Sobre a autora

Adriana Terra é jornalista e gosta de escrever sobre a cidade e sobre cultura. É co-criadora da série “Pequenos Picos”, mapeamento afetivo de comércios de bairro da capital paulista, e mestranda em Estudos Culturais na EACH-USP, onde pesquisa lugares e modos de vida. Foi criada em Caieiras e há 15 anos vive no centro de São Paulo. Na zona noroeste ou na Bela Vista, sempre que dá, prefere ir caminhando.

Sobre o blog

Dicas de lugares, roteiros, curiosidades sobre bairros, entrevistas com personagens da cidade, um pouquinho de arquitetura e mais experiências em São Paulo do ponto de vista de quem caminha.

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