O Carnaval como um motivo para circular mais pela cidade
Tem bloco, tem escola de samba. A cidade fica mais colorida, agitada. Tem gente que acha ruim, tem motorista que reclama, comerciante que faz abaixo-assinado contra. E tem quem não veja a hora, costure fantasia, chore com o samba-exaltação da sua escola na avenida.
Pensando na nossa circulação pela cidade, é uma época em que se anda — ou se poderia andar — mais a pé: seja porque dirigir fica complicado, seja porque muito da festa acontece na rua. São blocos novos e tradicionais nos bairros ou em grandes avenidas, são escolas em todas as regiões. Dá para atravessar a cidade para conhecer o samba-enredo de uma agremiação que a gente admira, dá para visitar o bairro vizinho atrás de um bloco que empolga a gente. Na verdade, dá para já ir fazendo isso tudo, com menos euforia, um bom tempo antes do Carnaval propriamente dito.
No último sábado, na região de Campos Elíseos, cruzei com um bloco pequeno com um estandarte lindo. Nos arredores dele, uma roda de pagode agitava um boteco no melhor dos climas: calçada larga, churrasquinho sendo preparado. Depois, passei na porta do Camisa Verde e Branco, na região da Várzea da Barra Funda. No domingo, na quadra do Vai-Vai, um amigo me contou que não perderia por nada nesta última segunda-feira a Banda do Redondo, que vi muito desfilar quando morava na República. Para mim, durante anos era como se ela abrisse oficialmente a semana de Carnaval. Ontem, passou na rua de casa — miolo da Bela Vista — um bloco com capoeiras à frente.
Acho legal pensar no quanto a folia também tem seus territórios, na existência de uma relação entre a sua forma e o lugar em que ela acontece. Me parece que ajuda a gente a enxergar as características que marcam as partes da cidade, as belezas e as diferenças de cada canto. E, às vezes, as desigualdades também, as coisas com as quais não concordamos, os problemas de infraestrutura, a comercialização de uma alegria, excessos. Talvez tudo fique mais exposto.
Para além de uma agenda de blocos intensa que permite que se circule bastante (e para muito além do centro expandido), de últimos ensaios que acontecem na quadra de algumas escolas nesta quinta-feira e dos desfiles no Anhembi, dá para assistir aos desfiles de escolas de samba e blocos da UESP no Butantã, na zona oeste, na Vila Esperança, na zona leste, e na avenida São João, no centro, tudo gratuito.
Na Vila Esperança, do alto da passarela da estação Vila Matilde do metrô é possível para acompanhar o colorido das fantasias, a batucada fervendo ali embaixo, na rua. É bem bonito, bem paulistano. Obviamente menos inflamado que o sambódromo, mas muito genuíno. Para quem gosta de samba, e de cidade, é isso.
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