Já deu uma caminhada até o sacolão da sua área hoje?
Me lembro de uma época — antes da existência das ciclofaixas, há que se fazer justiça — ter comentado com um amigo ciclista que eu estava com uma bicicleta em casa, mas andando pouco, porque estava sem tempo. Não percebi a incoerência da minha justificativa: em vez de enxergar a bicicleta como um meio de locomoção, enxergava-a apenas como um lazer. Não que não possa ser lazer, mas a visão dela unicamente como um "hobby", separado da rotina, diz muito sobre como a gente enxerga outros tipos de mobilidade que não envolvam carro nem transporte público, a chamada mobilidade ativa, não-motorizada.
Uma forma da gente andar mais de bike ou a pé pela cidade envolve circular — quando possível em termos de distâncias e condições físicas, é claro –, para efetivamente fazer coisas: ir ao supermercado, ao banco, ao trabalho. E nesses tempos me peguei pensando que feiras e sacolões são boas formas de conhecer a cidade no passo, ou de fazer parte do caminho andando, combinando formas de transporte. Escrevi aqui uma vez sobre os mapas das feiras livres em São Paulo. Já nesse link aqui dá para saber onde estão os sacolões e mercados municipais. Fiz um mapa abaixo reunindo todos eles — lembrando que há ainda os sacolões privados.
Uma das coisas mais legais dos sacolões, me parece, é que cada um tem um estilo: um tipo de produto mais fresco, um pastel com uma cara ou sabor diferente (maior ou menor, com a massa mais amarela ou mais branca, que capricha ou economiza no recheio), vende um queijo específico, temperos que saem mais em determinado bairro — e fazem mais sentido ali do que em outro. Acabam sendo um modo de conhecermos melhor cada região da cidade, as influências culturais que se deram ali e refletem na comida, os fluxos e as problemáticas atuais que explicam a presença ou ausência de produtos.
Guardam, também, lugares preciosos. Conheci recentemente, no sacolão da região em que moro, um pequeno e delicioso restaurante: trata-se do Box62, no Sacolão Jaceguai, que serve pratos do dia com uma farta salada, cuscuz de camarão, coxinhas, mate com abacaxi ou limão para refrescar e, de quebra, sobremesas clássicas como manjar de coco e pudim de leite no capricho. Do lado do box, uma rede para relaxar uns minutinhos após comer. Fica a dica não só para conhecer, mas para circular pelos sabores de outros sacolões.
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